Entre em Contato








Em meio à pandemia, assembleia de credores da Odebrecht fica para dia 22


Grupo tentou realizar encontro dia 14, mas Justiça determinou prazo maior. Enquanto isso, a empresa tenta reaver recursos pagos a Marcelo Odebrecht


 

O grupo Odebrecht só conseguirá colocar seu plano de recuperação judicial em votação pelos credores no dia 22 de abril. A companhia tentou realizar o encontro no dia 14, mas a Justiça de São Paulo decidiu na quarta-feira à noite que ele só poderá ocorrer oito dias à frente, para que os credores tenham tempo de entender o plano e de se preparar para a realização do encontro on-line.

Será a primeira assembleia geral de credores realizada totalmente on-line. A instalação da reunião virtual foi permitida pela 1ª Vara de Falências de São Paulo, onde o caso está registrado.

Quando pediu proteção contra credores, o grupo listou 98 bilhões de reais em compromissos, envolvendo um total superior a 500 credores. Esse total faz dessa a maior recuperação judicial do Brasil. Mas, desse total, 55 bilhões de reais serão reorganizados, sendo que 34 bilhões de reais pertencem aos maiores bancos nacionais. Há 33 bilhões de reais que são vencimentos entre as empresas do mesmo grupo e devem ser anulados e mais 10 bilhões de reais de avais para seguradoras por obras da construtora que ficam de fora da renegociação.

Antes da Odebrecht, a maior recuperação judicial no país foi a da Oi, que apresentou 64 bilhões de reais em vencimentos. O caso do conglomerado mais emblemático da Operação Lava-Jato reúne diversas situações inéditas. Por exemplo, é um processo basicamente para reorganizar avais e garantias concedidos pela principal holding Odebrecht S.A. (ODB) e diversas outras do conglomerado. No total, são 20 holdings e subholdings agrupadas na recuperação. A companhia está sendo assessorada pela RK Partners e pelo escritório E. Munhoz.

Ao fim da reorganização, a Odebrecht terá se comprometido em vender seus principais ativos e negócios para pagar os compromissos com os credores. A primeira companhia da lista a ser colocada à venda será a usina sucroalcooleira Atvos, terceira maior produtora de etanol do país. Em seguida, com um prazo de três anos para execução, deve ocorrer a alienação da atual joia da coroa do grupo, a petroquímica Braskem. A lista de grandes ativos ficará completa com a venda da operadora de sondas de petróleo Ocyan e a participação na usina hidrelétrica Santo Antônio (Saesa).

O projeto da família é tentar reerguer o grupo pelo negócio de origem, a construtora – de todos, o negócio mais afetado pela crise reputacional que atingiu o conglomerado.

É certo que a pandemia da covid-19 afetará a vida prática de todas as companhias e setores. A Odebrecht não será excluída desses reflexos. O futuro finalmente deve ser organizado por meio de um plano. A execução, porém, exigirá a convivência com o novo ambiente econômico que se instalará no Brasil e no mundo, e que até o momento ninguém consegue prever com exatidão.

 

 



Fonte: https://exame.abril.com.br/negocios/em-meio-a-pandemia-assembleia-de-credores-da-odebrecht-fica-para-dia-22/

Data: 10/04/2020